Umbanda: religião BRASILEIRA, anunciada como ritual por um ser espiritual que se identificou como Caboclo das Sete Encruzilhadas, em sintonia mental (incorporação) do médium Zélio Fernandino de Morais, em 1908, no município de Neves (Niterói-RJ).
A um ser espiritual, a Umbanda dá o nome de Entidade, que pode ser um Caboclo(a), um Preto(a)-Velho(a), um Exú, uma Pombagira ou uma Ibeijada/Ibeiji (crianças do Astral).
Sobre o que vem a ser cada uma destas Entidades, recomendo a leitura de outros textos que disponibilizei aqui mesmo no Recanto, cada um tratando especificamente sobre tais seres de luz que são os verdadeiros trabalhadores da Umbanda.
Devo salientar que, destes, o tema mais controverso e ao mesmo tempo mais intrigante talvez seja a figura de Exú (e Pombagiras).
É bom deixar claro que estes seres, ou estas Entidades, NÃO POSSUEM religião. Com isso, NÃO SÃO umbandistas, tampouco espíritas. Eles são LIVRES e, portanto, podem penetrar em qualquer ambiente, desde que haja a real necessidade de suas presenças e/ou auxílio.
A Umbanda, por ser uma religião proveniente da fusão de várias crenças e de práticas antigas, não se caracteriza por uma religião POLITESÍSTA. Ao contrário disto, acredita em um ÚNICO Deus, o mesmo em que os católicos acreditam. Também o mesmo deus que os protestantes acreditam. Também o mesmo deus que os espíritas kardecistas acreditam, e por aí vai.
Deus, para o umbandista e para a Umbanda enquanto religião, é a figura máxima e vem a ser chamado por seus praticantes de Zambi. Logo, DEUS = ZAMBI.
Já a figura de Jesus, o Cristo (ou seja, Jesus Cristo) para o umbandista significa o modelo de perfeição; aquele que se deve buscar ou, ao menos, se espelhar em suas ações e pensamentos. Se é fácil ou difícil alcançar este estado já seria assunto para uma outra ocasião, em outro artigo. Logo, pode-se compreender que, para a Umbanda, JESUS = OXALÁ.
Os demais mentores espirituais com os quais a Umbanda lida enquanto prática religiosa e doutrinária, podem variar de região para região do país, assim como de casa para casa espiritual, conforme orientação, educação e segmento de seu dirigente (físico e espiritual). Logo, uma Casa de Umbanda (Terreiro, Centro, Tenda, Cabana, etc) possui, ao menos, um dirigente físico, chamado de Babalorixá ou Ialorixá (comumente conhecido como Pai ou Mãe-de-Santo) e um dirigente espiritual (conhecido como Guia, Guia-Chefe ou Chefe Espiritual de Terreiro).
Ao praticante da religião Umbanda e ao que estuda seus rituais/ritualísticas, dá-se o nome de umbandista (ou filho de santo). Não há distinção de nomes para o médium masculino ou feminino. Homens e mulheres recebem o mesmo nome, podendo ainda serem simplesmente chamados de médiuns.
Orixá, na Umbanda, NÃO É igual a Santo da Igreja Católica. Há distinção.
Para a maioria das casas umbandistas, considera-se que Orixá venha a ser a manifestação espiritual da Natureza, representada através de um elemento ou habitat.
A Umbanda entende que a ENERGIA que os locais da natureza possuem são a verdadeira manifestação do Orixá. Sendo assim, para o umbandista, o Orixá nunca adquiriu nem irá adquirir formas ou qualidades humanas. Logo, o umbandista começa a entender desde cedo que, para cultuar um Orixá, é necessário pôr de lado determinados conceitos ou crenças de religiões mais primitivas e folclóricas, como Candomblé, por exemplo.
Não pontuarei aqui, neste artigo, as diferenças existentes entre uma religião e outra, entre uma prática e outra. Existem muitas diferenças, embora sejam parecidas em alguns aspectos.
O importante é elucidar que são práticas distintas e cada uma vai possuir seu grau de importância e relevância para seus praticantes e frequentadores.
Na Umbanda NÃO se permite o sacrifício de animais, chamado vulgarmente de matança.
Existem outras formas de manipulação de energia, seja através das ervas, dos cristais, das essências e demais elementos que vão compor a ritualística própria de uma casa. Lembrando sempre que cada casa vai adotar determinados procedimentos conforme orientações espirituais, sem no entanto sair do intuito da religião, que é a CARIDADE.
Diferente também do espiritismo Kardecista (proveniente de Allan Kardec, médium francês do séc. XIX), na Umbanda os espíritos de pessoas desencarnadas recentemente NÃO estabelecem comunicação com os médiuns (que são aparelhos receptores e transmissores) nem com os frequentadores assistidos em seus problemas (que são os assistentes, ou assistência).
Na Umbanda, o assistente (ou consulente) não recebe mensagens de seus familiares ou parentes próximos porque NÃO EXISTE a sintonia com tais seres desencarnados.
A Umbanda acredita apenas "trabalhar" com espíritos desencarnados há algum tempo, motivo este que vem a ser justificado pela EVOLUÇÃO espiritual daquele ser.
Logo, as Entidades de Umbanda são seres evoluídos ou em busca de uma evolução maior dentro do que se entende (limitadamente) como Plano Astral.
Na Umbanda, os médiuns que são sintonizadores de energias e vibrações e que possuem a psicofonia (capacidade mediúnica de emitir som, ou seja, falar), prestam a caridade através de suas incorporações com os seres já citados acima.
Uma incorporação não é uma possessão.
Não existe como dois corpos ocuparem o mesmo lugar. Isto é física. Bem como a maneira que os elementos se ligam e reagem entre si e a energia que é desprendida ou absorvida durante estas transformações, entende-se por química, que é o que se pode verificar como sendo duas das grandes ciências que ocorrem nos fenômenos espirituais dentro da Umbanda.
Por este motivo e por outras conclusões que foram atingidas através de estudos e observações acerca destes fenômenos é que acertadamente pode-se concluir que a Umbanda, antes de ser entendida como simplesmente uma prática religiosa, é também uma ciência religiosa. Nela, diversos elementos se cruzam e se manifestam pela Natureza, pelo homem e em prol dele.
Bem direcionadas, estas forças geradas podem ser manipuladas sem que seja necessário recorrer aos estudos da alquimia antiga. Na verdade, o que a Umbanda vai praticar não deixa de ter um teor alquimista, mas não ela não poderá ser classificada como tal prática. Assim como não há porque classificar ou até mesmo associar a Umbanda a bruxaria, a magia negra ou ao satanismo. São coisas completamente diferentes e cada uma enquanto seita não vai compreender a gama de informações encontradas na Umbanda como religião.
Há de se observar, além de tudo já citado, que o que diferencia a Umbanda de todas as demais religiões (oficialmente conhecidas) é o livre-arbítrio. Conceito que é amplamente divulgado nos meios espíritas mas muito pouco conhecido em sua real concepção. É o caso das reencarnações compulsórias, onde o espírito "ocioso" é compelido a reencarnar mesmo contra sua vontade, subjulgando-se então seu livre-arbítrio. Assim entende o Kardecismo. Assim não entende a Umbanda.
Para o umbandista praticante, o fato de reencarnar (ou ter diversas vidas, experimentando diversas situações terrenas) faz com que ele EVOLUA, sem portanto ter que carregar um fardo gerado por concepções que, de alguma forma, já estão ultrapassadas e que foram reconsideradas e, principalmente, revistas pelo plano astral superior.
O tema livre-arbítrio, assim como o tema Exú, são dois pontos nevrálgicos para o entendimento e estudo daquele que deseja se aprofundar nos conhecimentos espíritas e/ou umbandistas. Justamente por não se ter uma dimensão exata do que vem a ser o livre-arbítrio e do que vem a ser Exú.
Para o candomblé, Exú é Orixá e seria o enviado dele, fazendo a interligação com o homem. Logo, responderia pelos seus desejos mais materiais, terrenos e densos.
Para a Umbanda, Exú também apresenta tais características, mas não o considera como Orixá e sim como Entidade, por se tratar de um ser em evolução, assim como nós, diferentemente do Orixá, que já possui evolução suficiente, portanto, vibrações mais sutis e elevadas, não carregando consigo características humanas, tampouco formas físicas.
Enfim, pelo que parece há muito o que explicar, porém, mais ainda para aprender. Devido às nossas falhas e limitações, torna-se mais fácil distorcer ou desvirtuar informações. Cabe-nos, a todo instante, orar e vigiar.
AUTORIA: ULISSES JÚNIOR
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