Na década de 50, época que a UMBANDA se consolida em São Paulo, houve um enorme fluxo migratório para esta região, pois estava sendo esculpida uma das maiores metrópoles do mundo, tornando-se um grande canteiro de obras.
Como a quantidade de pessoas vindas de diversas partes do país era enorme, destacaram-se os nordestinos, que vieram na maioria para trabalhar nas obras de construção civil, como "peões" urbanos,
assim como nos mais diferentes ramos da indústria automobilística, então também em total expansão, especialmente ocupando os postos de trabalho não qualificado.
No imaginário popular dessa cidade, o nordestino é, portanto associado ao trabalho duro, à pobreza, ao analfabetismo, aos bairros periféricos, à vida precária, de um modo genérico, a tudo que é considerado inferior ou brega. Com o inchaço populacional e os crescentes problemas, inerentes ao processo de metropolização, o senso comum, marcado pelo preconceito, passa a procurar o "culpado" pelo ônibus lotado, pela falta de emprego, enfim pelas mazelas da cidade. E a culpa é recorrentemente atribuída ao "intruso", a "cabeça chata ignorante", o nordestino.
Assim como o oriental é indiscriminadamente rotulado de "japonês", o nordestino é o "baiano". Na vida cotidiana da cidade se percebe o caráter negativo dessa designação: "isso é coisa de baiano", "que baianada você fez" etc. Ainda que elementos culturais originários da Bahia e do Nordeste tenham sido valorizados pela mídia (no carnaval, na música popular), fenômeno de alguma forma expresso na proliferação dos candomblés em São Paulo, o termo "baiano" (nordestinos, em geral) ainda continua sendo pejorativo. Não obstante, o baiano alcançou grande popularidade na Umbanda.
A Umbanda caracterizou-se por cultuar figuras nacionais associadas à natureza, à marginalidade, à condição subalterna em relação ao padrão branco ocidental. O nordestino é o "subalterno" da metrópole, o tipo social "inferior" e "atrasado", e por isso objeto de ridicularização, mas também de admiração, pois igualmente representa aquele que resiste firmemente diante das adversidades.
O Baiano representa a força do fragilizado, o que sofreu e aprendeu na "escola da vida" e, portanto, pode ajudar as pessoas. O reconhecido caráter de bravura e irreverência do nordestino migrante parece ser responsável pelo fato de os baianos terem se tornado uma entidade de grande frequência e importância nas giras paulistas e de todo o país, nos últimos anos.
De um modo geral, Baianos são tidos como pessoas alegres e teimosas em afirmar sua identidade cultural. Os baianos da Umbanda, entretanto, são poucos presentes na literatura científica. Sabe-se que eles são guias que mesclam características da direita e da esquerda, nas giras ele se apresenta com forte traço regionalista, principalmente em seu modo de falar cantado, diferente, eles são "do tipo que não levam desaforo pra casa", possuem uma capacidade de ouvir e aconselhar, conversando bastante, falando baixo e mansamente, são carinhosos e passam segurança ao consulente que tem fé.
Os Baianos na Umbanda são "doutrinados", se assim podemos dizer, apresentam um comportamento comedido, não falam mal, nem provocam ninguém, não sendo enfim zombeteiros. Os trabalhos com a corrente dos Baianos nos trazem muita paz, nos passando perseverança, para vencermos as dificuldades de nossa jornada terrena. SALVE O POVO DA BAHIA.
FONTE: IRMANDA ESPÍRITA DE UMBANDA SÃO JORGE
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